segunda-feira, 25 de junho de 2012

Espero que um dia isso mude


Espero que um dia isso mude,
Que possa ser melhor,
Que consiga romper os limites,
E viver em comunhão
Para viver além de mim.

Espero que um dia isso mude,
Que entenda melhor,
O que é lutar contra injustiça,
E sobreviver na prisão
Da humanidade sem fim.

Espero que um dia isso mude,
Que não precise de dor,
E que não tenha preguiça,
De entender que viver em vão
É matar a firmeza em mim.

Espero que um dia isso mude,
Que queime no calor
O egoísmo da carniça,
De que sonho em solidão,
É abandonar criança sim.

Espero que um dia isso mude,
Que o cheiro da flor
Liberte a coragem da cobiça,
E que palavra revolução,
Não seja apenas de botequim.

Espero que um dia os homens mudem,
Para serem melhores,
Que não tenham fronteiras,
Vivam em comunhão
Para que eu não precise viver só de mim.

Espero que um dia os homens mudem,
Que entendam melhor,
Que a luta contra a injustiça,
É para não ter prisão
E a humanidade não tenha fim.

Espero que um dia os homens mudem,
Que suportem a dor,
Para que não seja movediça,
E tirem-na do coração
Para terem ternura sem o “mim”.

Espero que um dia os homens mudem,
Que sintam o calor
De um sonho de justiça,
E que a beleza da canção
Não seja apenas Arlequim.

Espero que um dia os homens mudem,
Que tenham a coragem da flor,
Que se liberta da preguiça,
E faz do jardim a sensação
De uma beleza sem fim.

Cansado de esperar um dia,
Os homens mudarão,

Para que assim,
Eu não precise ser melhor,
Não tenha limites para romper,
Viva em comunhão além de mim,

Entenda melhor,
Não tenha injustiça para conter,
Sobreviva na prisão da humanidade,
Sobreviva com a dor,

Não tenha preguiça,
Não viva em vão, mas firme em mim.
Sinta a intensidade do calor,
Mesmo que seja em solidão,

Não furte os sonhos das crianças
De sentirem as flores
Cultivadas pela revolução
De um dia não precisarem mais
Esperar que os homens sejam livres!

Um comentário:

Paula Leão disse...

Quando eu leio um poema...uma poesia geralmente não presto atenção no título. Sua poesia, porém, me incomodou de tal forma que ao terminar de ler...voltei ao título e pensei... Não é possível tal repetição! É uma poesia que incomoda,eu fiquei com vontade de mudar... e pensei o que acontece que ele não muda, uma vez que a poesia dele faz com que eu fique com vontade de mudar...Fui buscar informações na psicanálise sobre repetições..."A repetição produz o novo, pois o que se repete é o elemento excluído da cadeia, elemento que impossibilita a identificação entre os significantes, sendo assim o motor que impõe o movimento e a repetição à cadeia. Ou melhor, o que repete é o impossível de se dizer, o impossível de ser recordado.

Essa repetição caracteriza um paradoxo, ou uma má nomeação, pois ela produz não a mesmidade como se poderia pensar, mas, sim, a novidade. Ela marca uma retomada (para tomar aqui emprestado a conceitualização kierkegaardiana) sobre o ponto inalcançável, não representável: o objeto a.

As marcações, construções, intervenções — instrumentos da prática clínica — apontam para um possível desvencilhamento do analisando para com a amarração ordenada, observada no fenômeno da repetição.

A angústia surge, neste ponto, como um mecanismo operador de estranheza do sujeito para com seu próprio discurso, fazendo-o relacionar-se diferentemente com suas repetições."
Leonardo Pinto de Almeida e Raul Marcel Filgueiras Atalla
Interessante, não acha?