sábado, 17 de janeiro de 2009

Ser crítico

Sempre tive um particular interesse em refletir sobre o que é ser crítico. Neste texto apresentarei algumas considerações sobre estas reflexões. A primeira premissa é a da historicidade. Sem ela nenhuma crítica será realmente crítica, e por uma razão simples, se uma idéia, argumento ou questionamento não forem comparadas e contextualizados no desenvolvimento da história corre-se o risco de utilizar-se de elementos conservadores sem a consciência de que foram considerados e/ou utilizados por algum grupo social. Outra consideração é identificar os interesses e finalidades que se configuram na conjuntura do fato analisado. No entanto, esta identificação terá que se articular com os valores sociais, pois é neste momento em que se evidencia a finalidade das ações. Por exemplo, buscar a educação em uma perspectiva cidadã é mais crítico que usá-la exclusivamente para fins lucrativos, e assim por diante.
Outro aspecto importante é o questionar a ordem pseudonatural das coisas. Como é sabido, o universo naturalmente tende à entropia, ou seja, desorganização de matéria com perda de energia. Não questionar esta tendência do universo significa conservá-lo da maneira que está organizado e se organizando. Portanto, ser crítico significa questionar esta tendência. No entanto, neste aspecto entra outra questão de suma importância: a relação conteúdo e forma. Via de regra, identificamos a criticidade apenas com sua forma de se manifestar. Esta forma de se manifestar e analisar é comum na América Latina, visto que nossa formação tem forte influência do messianismo popular, ou seja, temos a tendência de confundir manifestações que possuem forma ofensiva e autoritária com posturas críticas. Neste aspecto é importante analisar o conteúdo dessas manifestações, lembrando sempre de considerar os aspectos citados anteriormente.